Zumbificando

O fenômeno que se espalhou como vírus em diversas plataformas de entretenimento agradando os fãs do mundo todo

Errantes, zumbis, walkers, mortos vivos, esses são alguns dos nomes que conhecemos os seres que após serem dados como mortos têm um objetivo em comum: alimentar-se de carne humana. Presentes em grande parte da indústria do entretenimento, seja em filmes, séries de TV, jogos, ou nas HQ’s.

No cinema, o primeiro filme em que zumbis se levantam dos túmulos e atacam as pessoas, sendo uma grande referência até hoje, é “A noite dos mortos-vivos”, 1968 de George A. Romero. Anteriormente, eram retratados como parte da cultura vodu como no filme “Zumbi Branco”, de 1932 que levou algumas das crenças do Haiti para os EUA, e narra a história do feiticeiro Legendre que transformava as pessoas em zumbis com a ajuda de uma poção.

A partir do filme de Romero foram apresentadas as características que conhecemos do “zumbi moderno” e como os outros filmes dele, várias críticas sociais, como na sequência “Despertar dos Mortos” (1978), em que os membros de uma sociedade capitalista são zumbis que vagam pelos corredores de um shopping, com seus olhos fixos nas vitrines.

Sobre as características dos errantes: alguns são mais fortes e velozes, como apresentados nos recentes Zumbilândia (2009) e Guerra Mundial Z (2013), que apenas um zumbi pode matar vários humanos, ou são mais lentos e fracos como na sátira inglesa “Todo mundo quase morto” (2004) e nos filmes de George.

Na TV, o tema também faz sucesso, as séries mais conhecidas são The Walking Dead, Fear The Walking Dead, ZNation, IZombie e In the Flesh.

Sendo a maior do gênero, The Walking Dead (2010) transmitido pela AMC, teve sua origem nos quadrinhos homônimos criado por Robert Kirkman, e contam a trajetória de um grupo de sobreviventes ao apocalipse zumbi, liderados por Rick Grimes, que antes do caos, era policial. Nesse cenário, os walkers nem sempre são a maior ameaça, o grupo frequentemente encontra outras pessoas que, para sobreviver, sacrificam até vidas inocentes, surgindo muitos conflitos na narrativa.

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Personagens dos quadrinhos de The Walking Dead

Devido ao grande sucesso de TWD, estreou em 2015 um spin-off intitulado Fear The Walking Dead, que acompanha uma família durante o início do apocalipse zumbi e atualmente está na terceira temporada.

No mundo dos games, os títulos mais conhecidos são os da franquia Resident Evil que deu origem aos filmes homônimos. Trata-se de um survival de terror, o jogador deve encontrar a cura em meio a zumbis e outras criaturas.

Dentre outros títulos conhecidos, temos Plant vs. Zombies, um game lançado inicialmente para mobile e você precisa evitar que os zumbis cheguem a sua casa, usando plantas com poderes. Além do aterrorizante Left 4 Dead, e o Dead Island que permite ao jogador matanças de zumbis numa ilha. Os jogos da franquia TWD, lançados pela Telltale com muita ação, você tem que matar os errantes e alguns dos jogos permitem a interação, fazendo escolhas que alteram a história.

Os mortos-vivos vão nos assombrar por um bom tempo, nessa indústria não faltam histórias sangrentas e público sedento por essa temática apocalíptica.

E você, estaria preparado para sobreviver a um apocalipse zumbi?

 

Por Michelly Nogueira e Nathalie Alves 

 

Impressões de “Doutor Estranho”sem spoilers

Com a proposta de mostrar ao púbico um universo não explorado no cinema, a Marvel nos traz o Mago Supremo que teve sua primeira aparição nos quadrinhos em 1963, criado por Stan Lee e Steve Dikto

Após sofrer um acidente que o deixa impossibilitado de exercer sua profissão e realizar até mesmo tarefas fáceis como se barbear, Stephen Strange, um renomado e arrogante neurocirurgião, gasta sua fortuna em médicos e, sem saída, parte para o Nepal em busca de uma cura. Chegando lá, ele conhece a Anciã, e seu aprendiz, Mordo que guiam Estranho por uma jornada de autoconhecimento e aprendizagem de magias.

“Esqueça tudo que você acha que sabe”, frase dita à Estranho no filme e que também pode ser direcionada ao público, já que esse é um super-herói diferente dos outros. Ele não utiliza armaduras e nem muda de tamanho, o poder de Stephen está na magia, através de invocação de feitiços, projeção de energia, domínio de artes místicas e encantamentos.

Um dos melhores pontos do filme é o visual, as cenas de lutas no plano astral e na dimensão espelhada, são ótimas. Trazendo um ar psicodélico e efeitos de tirar o fôlego, pode-se dizer que foi feita uma interessante adaptação do visual das histórias em quadrinhos.

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Visual do universo de Estranho nas HQ’s 

É necessário ressaltar o forte e diversificado elenco com nomes de peso, a começar pelo protagonista, interpretado maravilhosamente por Benedict Cumberbatch (Sherlock e O Quinto Poder). Tilda Swinton,(Precisamos falar sobre Kevin) que vive A Anciã, a interpreta muito bem, com uma interessante caracterização andrógina silenciando aos que reclamaram do fato de uma mulher assumir o papel do clássico velho oriental. Mads Mikkelsen (Hannibal) dá vida ao vilão Kaecilius, Rachel McAdams (Spotlight) vive a médica Christine, Chiwetel Ejiofor  (12 anos de escravidão) interpreta Karl Mordo, aprendiz da Anciã, e Benedict Wong, como Wong, o guardião da biblioteca.

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“Doutor Estranho” mostra a transformação do médico arrogante em Mago Supremo

Dentro das fórmulas conhecidas dos filmes Marvel, dá pra rir bastante durante a projeção, que também contrasta com momentos mais sérios. A maior estreia da semana está agradando o público e traz reflexões sobre assuntos como vida e morte, redenção, e plano espiritual.

ATENÇÃO: Tem duas cenas pós-créditos, permaneça após o fim do filme  🙂

 

Ficha técnica

Estreia no Brasil: 02 de novembro de 2016

Direção: Scott Derrickson

Duração: 115 minutos

Classificação indicativa: 12 anos

Nacionalidade: EUA

Confira o trailer do filme:

UnReal – A cruel realidade dos bastidores de um reality show

Inspirada no curta-metragem ‘Sequin Raze’  a série UnReal, exibida pelo canal americano LifeTime, mostra a cruel realidade dos bastidores de um reality show chamado ‘Everlasting’.

Everlasting é um daqueles famosos reality (nesse caso, fictício) que se passam em uma mansão e várias candidatas disputam o  coração do pretendente. As participantes são escolhidas pela produção do programa de acordo com os “perfis” ideais para garantir o sucesso do show.

Quando o pretendente é famoso, há uma moeda de troca, pois entram no show por terem feito algo que repercutiu mal na mídia, e enxergam no programa, uma excelente chance de se redimir com o público. Mas, por outro lado, se algo de ruim acontecer no programa, essa reputação pode ser facilmente destruída.

Quinn King e Rachel Goldberg, são as produtoras, elas dedicam suas vidas ao programa e precisam sempre superar os números de audiência das edições anteriores. Para isso acontecer, a equipe de produção não mede esforços para tirar o melhor e o pior das participantes, na maioria das vezes, de forma desumana.

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A equipe de produção de ‘Everlasting

Com episódios repletos de intrigas, sensacionalismo, manipulações e traições, a série te prende, pois além de ver o desfecho do vencedor do reality, também aguardamos o destino das produtoras, que sempre estão envolvidas em problemas.

Abordando sérios assuntos como suicídio, homossexualidade, racismo, doenças mentais e agressão doméstica, a série escancara a cruel face dos bastidores desses reality, e te faz repensar sobre o que é real ou não nesses programas.

A série com duas temporadas de dez episódios cada, já foi renovada para uma próxima em 2017 e conta com uma novidade: diferente das primeiras temporadas em que os pretendentes são homens, dessa vez a protagonista será uma mulher.

Ficha técnica:

Nacionalidade: EUA

Estreia: 1 de junho de 2015

Duração: 42 minutos

Status: Continuação

Elenco principal: Shiri Appleby, Constance Zimmer, Freddie Stroma, Craig Bierko, Josh Kelly, Jeffrey Bowyer, Brennan Elliott e Genevieve Buechner.

Veja o trailer da primeira temporada:

 

 

Mary e Max – Uma amizade diferente

Baseada em uma história real, a animação australiana de 2009 feita em claymation, conta a história de uma amizade que parece ser improvável. Mary Daisy Dinkle, uma menina de 08 anos, mora na Austrália com seus pais e tem um galo de estimação chamado Ethel. Sua mãe vive bêbada, e seu pai, trabalha numa fábrica e tem como passatempo empalhar pássaros.

Max Jerry Horowitz, de 44 anos, vive em Nova York, na companhia de seu peixe Henry (toda vez que seu peixe morre, ele o substitui por outro igual e com o mesmo nome), o papagaio Mr. Cookie, e seu amigo imaginário.

Quais as probabilidades de dois seres tão distantes e tão diferentes um do outro construírem uma grande amizade?

Quando Mary vai ao Correio com sua mãe, escolhe aleatoriamente o endereço de alguém que vive em Nova York, decide escrever uma carta e iniciar uma conversa. Graças ao destino, Max é o escolhido e temos uma bela narrativa.

Max joga sempre os mesmos números na loteria, é obeso, participa da reunião dos Gordinhos Anônimos e tem a Síndrome de Asperger, um transtorno do espectro autista, de grau leve. Quando recebe a carta de Mary, a vida dele muda e tem um novo sentido. Depois de pensar muito na carta, Max a responde e é aí que começa a amizade diferente.

Nessas trocas de correspondências, a menina relata os bullyings sofridos na escola devido a sua marca de nascença na testa, fala sobre seus vizinhos e faz perguntas curiosas como: “Na América os bebês vem de onde?” Pois o avô dela havia contado que os bebês eram feitos e achados pelos pais no fundo de suas cervejas.

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Cena do filme

“Com esperança, um dia nossas calçadas vão se encontrar e nós poderemos dividir uma lata de leite condensado.” – Max

Max tem crises de ansiedade quando alguns assuntos delicados pra ele são tocados, como relacionamentos amorosos e ao relembrar os bullyings que também sofria quando era pequeno. Segundo seu psiquiatra, ele deveria ter objetivos na vida, e os de Max se constituíam em:  1- Arrumar um amigo que não fosse invisível, 2- Ter a coleção dos Noblets (desenho animado que Mary também assiste) e 3- Chocolate (vitalício).

Essa relação vai se desenvolvendo, e narra de forma sensível e ao mesmo tempo crítica questões como homossexualidade, prostituição, obesidade, bullying, religião, morte e alcoolismo.

Embora tenham grandes diferenças de idade, eles se conectam com seus problemas e singularidades construindo uma amizade extremamente verdadeira. Um filme realista e rico em detalhes que com certeza te conquistará.

Trailer do filme:

 

Notas:

Claymotion ou clay animation é uma técnica de animação (stop motion) baseada em modelos de massa de modelar, barro ou material similar.

– Aclamado pela crítica, no site Rotten Tomatoes o filme tem aprovação de 95% dos críticos e de 92% do público. No IMDB o filme tem uma nota de 8,2.

 

Ficha técnica:

Título original: Mary and Max

Roteiro e direção: Adam Elliot

Gênero: Comédia, drama

Duração: 90 minutos

Elenco de dubladores: Philip Seymour Hoffman, Toni Collette, Eric Bana, Bethany Whitmore, com narração de Barry Humphries

 

 

 

 

Resenha do filme: Quando as luzes se apagam

Um medo universal: medo do escuro, de quando as luzes se apagam. Você pode dizer que não sente, mas em algum momento já sentiu.

O filme ‘Quando as luzes se apagam’ (Lights Out) em exibição nos cinemas, é baseado no premiado curta homônimo de 2013, do diretor David Sandberg, que possui experiência no ramo de curtas metragens de terror mas em matéria de produção para as telonas esse é seu primeiro longa.

Com duração inferior a 3 minutos, o curta (link no fim do texto) que deu origem ao filme foi feito de modo amador no apartamento de David. A esposa do diretor, Lotta Losten, protagoniza o curta e faz aparição no início do longa também, numa cena em que recriam um dos momentos de tensão apresentado no curta.

Após fazer muito sucesso nas redes sociais, (o curta já ultrapassou a marca de 12 milhões de visualizações no YouTube) David foi convidado a dirigir o filme que conta com James Wan como um dos produtores. Wan é um nome bastante conhecido nesse mercado, tendo em seu currículo sucessos como: Jogos Mortais, Sobrenatural e Invocação do Mal. O retorno obtido foi bastante positivo, já que o filme arrecadou mais de U$100 milhões na bilheteria mundial.

O filme conta a história de uma família que é perseguida por uma entidade maligna que só aparece quando as luzes se apagam. A mãe, Sophie (Maria Bello), tem esquizofrenia e depressão, e mora com o filho Martin (Gabriel Bateman), que está tendo problemas para dormir. Rebecca (Teresa Palmer) é a irmã mais velha do garoto e se empenha em ajudá-lo, pois sabe muito bem o que ele tem passado, já que sofria os mesmos problemas na infância.

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Cena do filme

A vilã da história, a entidade chamada Diana, é como se fosse a personificação da perturbação mental de Sophie, e seguindo um dos clichês do gênero, Rebecca investiga o passado da mãe e descobre alguns segredos.

A premissa é muito interessante, como citei, todos têm ou já tiveram medo do escuro. Durante a projeção, vemos que a escuridão é representada não só por fantasmas, mas por culpas e doenças mentais.

O longa não escapa de todos os clichês que costumam estar presentes em filmes do gênero, mas, também tenta se diferenciar, como exemplo, escolhendo um desfecho um pouco mais inesperado. (Pelo menos pra alguns).

Bom, se você tiver medo do escuro, boa sorte pra dormir após conferir os títulos.

Confesso que o curta me assustou mais que o filme.

Link do curta:

 

Ficha Técnica

Filme: Quando as luzes se apagam

Título original: Lights Out

Gênero: Terror

Classificação indicativa: 14 anos

Estreia:18 de agosto de 2016

Duração: 1h21 min

Direção: David Sandberg

Elenco: Teresa Palmer, Maria Bello, Alicia Vela-Bailey, Gabriel Bateman, Alexander DiPersia

 

Hugo Cabret e sua homenagem a George Méliés

O filme A invenção de Hugo Cabret (2011) é baseado no livro homônimo de Brian Selznick, e narra a história de Hugo, um menino órfão que vive em uma estação de trem de Paris e tenta desvendar o mistério de um enigma deixado por seu pai. Essa aventura dirigida por Martin Scorsese, (Taxi Driver, Os Infiltrados) é uma bela homenagem ao Cinema, e sobretudo, a George Méliès.

Méliès (1861-1938) foi um famoso ilusionista em Paris, que se interessou pelo cinema após ver as exibições dos Irmãos Lumière. Ele levou a sua mágica para as telas utilizando técnicas fotográficas inovadoras na época, podendo ser considerado o “pai dos efeitos especiais”.

Dentre mais de 500 filmes produzidos, o de maior de sucesso é o curta Viagem à Lua, (Le voyage dans la Lune)  de 1902. Se você não viu o filme, muito provavelmente já deve ter visto a imagem destacada acima em algum lugar. É uma das cenas mais icônicas de todos os tempos. Confesso que a primeira vez que a vi, me causou enorme sensação de estranheza (num bom sentido).

O filme de Scorsese se passa em 1930, Méliés vendia brinquedos numa lojinha em uma estação de Paris, após sua carreira ter tido um triste fim. Muitos de seus filmes tiveram que ser vendidos e transformados em sapatos, e num momento de raiva, ele queimou parte de sua obra juntamente com figurinos e cenários.

No filme, que mescla ficção com história, Hugo descobre o maravilhoso passado do vendedor de brinquedos e fica encantado, assim como nós, e através dele, as obras do cineasta são devidamente relembradas e homenageadas.

Hugo Cabret é um filme que emociona e nos leva a conhecer um pouco mais sobre a história do Cinema. A vida de Méliés é retratada de forma especial. Sendo interessante ao mostrar para o espectador, por exemplo, como eram elaborados algum dos truques de filmagens no estúdio.

Caso você não tenha visto nenhum desses filmes e se interessou, anote aí na sua lista e aproveite que Viagem à Lua é de domínio público e está no YouTube. Há uma versão colorida desse filme que foi pintado a mão, quadro a quadro.

A invenção de Hugo Cabret está disponível na Netlix.

Bons filmes!!!